ASL 51 ANOS – A ACADEMIA SUL-MATO-GROSSENSE
No dia 30 de outubro de 1971, Ulysses Serra fundou a Academia de Letras e História de Campo Grande, tendo como cofundadores José Couto Vieira Pontes e Germano Barros de Sousa.
Logo foram incorporados outros intelectuais, como J. Barbosa Rodrigues, Júlio Alfredo Guimarães, Hugo Pereira do Vale e Antônio Lopes Lins.
No ano seguinte, no dia 30 de junho, falecia Ulysses Serra, que escrevera, no seu insubstituível livro “Camalotes e Guavirais” (lançado em 1971): “Se eu morrer alhures, onde quer que seja, morrerei um exilado e um proscrito de mim mesmo. Como sucedia aos antigos egípcios, minha alma, aflita e errante, esvoaçaria pelo infinito sem nunca encontrar abrigo. Aqui não morreria de todo. Ouviria o passo e a voz dos meus amigos, o gorjeio dos pássaros que amo, o farfalhar das frondes que conheço e o bater do coração da minha casa.”
Assim, assumia a direção da Academia o vice-presidente José Couto Vieira Pontes que, reeleito sucessivamente, esteve, até outubro de 1982, à frente dos destinos da mais legítima e proeminente entidade cultural de Mato Grosso do Sul.
No dia 13 de outubro de 1972, ocorreu, no salão nobre do Hotel Campo Grande, a sessão solene de instalação da Academia de Letras e História de Campo Grande, com a presença de inúmeras autoridades, destacando-se os escritores Ivan Lins e Hernâni Donato. Aquele, representando a Academia Brasileira de Letras; este, a Academia Paulista de Letras.
De 1982 a 85, foi presidente Otávio Gonçalves Gomes; sucedeu-o J. Barbosa Rodrigues. Em 1988 foi eleito Elpídio Reis, que presidiu a Academia até 1997, quando faleceu, sendo substituído pelo vice-presidente Arassuay Gomes de Castro, que, por motivos de saúde, renunciou em 29 de janeiro de 1999.
Na presidência de Otávio Gonçalves Gomes, o brasão da Academia sofreu leve alteração: das 54 estrelas foram retiradas 14, representando, as quarenta remanescentes, o número de cadeiras da Academia. No lugar das estrelas excluídas inseriu-se, por sugestão do acadêmico Hildebrando Campestrini, o dístico (de Cícero) Litterarum Lumen (a luz das letras).
O então secretário-geral, acadêmico Hildebrando Campestrini, convocou novas eleições, tendo sido eleito, em 11 de fevereiro do mesmo ano, José Pereira Lins, que completou o mandato de presidente e foi reeleito, tendo renunciado em 13 de novembro de 2002. Lins foi substituído pelo secretário-geral à época, Hildebrando Campestrini (pois o vice-presidente, Júlio Alfredo Guimarães, falecera).
Convocadas novas eleições, foi aclamada, no dia 30 de janeiro de 2003, a chapa presidida pelo acadêmico Francisco Leal de Queiroz. Na presidência de Leal de Queiroz, além da criação da Revista da ASL e do Colar Acadêmico, foram recuperados e modernizados alguns espaços do imóvel (sede da ASL), o que permitiu implantar, na área vaga, um excelente espaço cultural (inaugurado no dia 14 de agosto de 2003), bem como instalar, na parte do fundo, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (que funcionou no local até janeiro de 2008. Atualmente, o IHGMS atende em novo endereço: Avenida Calógeras, 3.000 – Esplanada da Ferroviária – Campo Grande).
Para o triênio administrativo compreendido entre 2005/2008 foi eleito o acadêmico Reginaldo Alves de Araújo, que reativou projetos tradicionais como o Chá Acadêmico da ASL (reunião que atualmente acontece sempre na última segunda-feira de cada mês, confraternizando acadêmicos, familiares e convidados do sodalício). Reeleito duas vezes, Reginaldo encerra mandato em 30/10/2017.
Em assembleia geral realizada em 07/10/2017, foi eleita a Chapa para o triênio 2017/2020, composta por: Presidente – acad. Henrique de Medeiros; Vice-presidente – acadª. Raquel Naveira; Secretário-geral – acad. Rubenio Marcelo; Secretário – acad. J. P. Frazão; 1ª Tesoureira – acadª. Elizabeth Fonseca; 2º tesoureiro – acad. Valmir Batista Corrêa. Esta diretoria tomou posse na noite de 30/10/2017, quando a Academia comemorou 46 anos de fundação. Henrique Alberto de Medeiros Filho foi reeleito em 2020 para mandato de novo triênio.
Pode-se dividir a história da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras em antes e depois da presidência de Elpídio Reis. Na primeira fase, de consolidação, a Academia criou, nos primeiros anos, por sugestão do fundador, o Suplemento Cultural (publicação de textos dos acadêmicos da ASL), que é até hoje editado regularmente todos os sábados, no CORREIO DO ESTADO (jornal de maior circulação no Estado). Acrescente-se que o Suplemento Cultural deve ser hoje o de maior longevidade na imprensa brasileira. Além disso, era instituído, em 1972, o Concurso de Contos Ulysses Serra.
Também por cortesia do acadêmico J. Barbosa Rodrigues, as dependências do jornal CORREIO DO ESTADO abrigaram uma das primeiras sedes da Academia. Logo começaram as publicações, destacando-se CAMPO GRANDE – ASPECTOS JURÍDICOS E POLÍTICOS DO MUNICÍPIO (de Demóstenes Martins, 1972), DESTE LADO DO HORIZONTE (de José Couto Vieira Pontes, 1972), BIOGRAFIAS DE PATRONOS (1973). Quando assumiu a presidência, Elpídio Reis propôs alguns projetos, iniciando pela mudança de endereço. Alugou-se um sobrado na Rua Euclides da Cunha, com espaço para ali implantar alguns serviços e oferecer cursos.
Em 1988, como contribuição maior à cultura sul-mato-grossense, surgiu a Série Historiográfica (com 14 títulos), publicada pelo Tribunal de Justiça. Dessa coleção se destacam obras que atualmente são clássicas em nossa bibliografia: SEISCENTAS LÉGUAS A PÉ (de Acyr Vaz Guimarães, reeditada pela Biblioteca do Exército), CAMALOTES E GUAVIRAIS (de Ulysses Serra), CANAÃ DO OESTE (de José de Melo e Silva), PELAS RUAS DE CAMPO GRANDE (1.° volume – A RUA VELHA; 2.° – A RUA PRINCIPAL; 3.° – A RUA BARÃO – de Paulo Coelho Machado, observando-se que o 4.° volume e 5.° foram editados posteriormente pela prefeitura municipal) e HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL (de Hildebrando Campestrini e Acyr Vaz Guimarães).
Foi criada a Estante de Mato Grosso do Sul e, pouco depois, foram ativados o Centro de Pesquisa e o Clube do Livro para incentivar a leitura e facilitar a pesquisa principalmente de estudantes.
Outra iniciativa foi a Campanha de Angariação e Distribuição de Livros, que conseguiu alguns milhares de volumes, com os quais a Academia formou numerosas minibibliotecas, distribuídas a escolas, presídios, clubes de serviço, entre outros. Anote-se que esta Campanha teve a colaboração intensa do saudoso acadêmico Hélio Serejo.
Foram ministrados, na sede, diversos cursos, como Arte Poética, Arte de Escrever, Arte do Conto. E para os alunos das escolas da capital foi criada a campanha A Academia nas Escolas, que levava acadêmicos para falar aos alunos (Projeto este que com frequência se repete).
Incentivando o intercâmbio, a Academia recebeu a visita do então presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Ataíde, e de Afrânio Coutinho.
Nesse período, a Academia expandiu-se para o interior com alguns cursos e algumas sessões solenes, destacando-se a de comemoração do centenário de Aquidauana.
Vale registrar que o acadêmico Luís Alexandre de Oliveira doou, em vida, para a Academia, sua casa, situada no centro da cidade, na Rua Rui Barbosa, 2.624. Com o seu falecimento, a Academia transferiu sua sede para este local, em 1.° de outubro de 1999.
Na manhã do dia 14/12/2011, com a presença de acadêmicos e autoridades, houve o lançamento da Pedra Fundamental da nova sede da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (que foi construída na Rua 14 de Julho, 4653 – Bairro São Francisco – Campo Grande/MS), em terreno da entidade doado pela família do acadêmico Eduardo Machado Metello, e inaugurada em 25/08/2017.
Assim, com fisionomia arquitetônica circular e moderna, fachada emoldurada em colunas metálicas, biblioteca, salas de reunião e amplo auditório, a obra possui arrojado estilo de vanguarda, sendo além de referência cultural de Mato Grosso do Sul, também um esplendente ponto turístico. Sobre o design da frente da Academia, assim resume o arquiteto e urbanista Octávio Loureiro: “A fachada traz alusão a uma ‘transcendente floresta do conhecimento’ (formada simbolicamente por ‘lápis brancos’ – as altas colunas – que eventualmente se colorem com efeitos de luzes). Dotado de elegância e equilíbrio, o design demarca também a referência às ‘colunas gregas’, que são da época dos primeiros templos históricos e culturais”.
A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras entende seu papel transformador junto à sociedade do nosso Estado. E, assim, foram criados os Concursos de Contos Ulysses Serra e de Poesias Oliva Enciso; além do Chá Cultural, mensalmente com palestras envolvendo a arte e a Literatura através de expoentes personalidades; bem como a Roda Acadêmica, igualmente abordando os trabalhos culturais de nossos membros.
Na data de 10/11/2021 a ASL comemorou o seu Cinquentenário de fundação, e demarcou a data com o lançamento oficial do seu Hino da ASL (Canção ‘Luz das Letras’), obra da autoria dos escritores/compositores e acadêmicos Rubenio Marcelo e Henrique de Medeiros. Na parceria, os autores retrataram os aspectos culturais e históricos da instituição, celebrando desde nomes dos fundadores até a tradição e metas.