O acadêmico criou para o Estado um grande marco cultural: a ASL

Escritor, tabelião e político, sempre ligado ao mundo das letras, Ulysses Serra – fundador da ASL – é o homenageado da Roda de conversas e leituras da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras desta quinta-feira, dia 27, às 19h30min, em atividade presencial no auditório da sede da instituição, na avenida 14 de julho, 4653, nos Altos do São Francisco – com entrada franca e roupa esporte.

Acadêmicos Reginaldo Araújo, Raquel Naveira e Rubenio Marcelo

Personagem que deixou para Mato Grosso do Sul um de seus maiores marcos culturais: a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Ulysses recebe justa celebração da ASL, com   apresentação dos acadêmicos Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo. Os Chás e Rodas Acadêmicas de 2024 são uma parceria entre a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e a Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Mato Grosso do Sul, pela Fundação de Cultura do Estado.

Haverá também exposição de artes visuais da Confraria Sociartista e apresentação do projeto Movimento Concerto, da UFMS, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” – realizado em parceria pela ASL e a  Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Após a palestra, na confraternização, haverá ainda participação instrumental do Maestro Eduardo Martinelli Trio, com violão, violino e baixo acústico.

ULYSSES SERRA

Fundador da ASL, escritor Ulysses Serra

Filho de Arnaldo Olavo de Almeida Serra e Júlia Barbato de Almeida Serra, o fundador da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras – o escritor Ulysses Serra – nasceu em Corumbá/MS, em 1º de setembro de 1906, e passou grande parte de sua vida em Campo Grande. Formou-se como perito contador em São Paulo e iniciou a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro. Retornando a Campo Grande no período do governo de Getúlio Vargas, foi membro do Conselho Administrativo do Mato Grosso (antes, foi deputado estadual classista). Depois, Ulysses tornou-se tabelião e escrivão do 5º Ofício (da comarca de Campo Grande) e presidiu o Partido Social Democrático (PSD). Foi eleito vereador. Pertenceu, ainda, ao Rotary Clube de Campo Grande, à Academia Mato-Grossense de Letras e à Associação Comercial de Campo Grande. Sempre se dedicou ao mundo das letras. Lançou, em 13 de outubro de 1971, o seu antológico livro Camalotes e Guavirais, que é obra referencial da literatura sul-mato-grossense. Fundou – em 30 de outubro de 1971, na chácara de sua propriedade, de nome Gisele – a Academia de Letras e História de Campo Grande (posteriormente, com a criação do novo estado do MS – em 1978 – Academia Sul-Mato-Grossense de Letras). Esta fundação da Academia teve participação também de José Couto Vieira Pontes e Germano Barros de Sousa. Ulysses Serra faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de julho de 1972, fato que o impediu de participar da instalação oficial da Academia (que aconteceu no dia 13 de outubro de 1972, em grande festa cultural em Campo Grande).

OS ACADÊMICOS

Participantes desta Roda, os imortais Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo estudaram e pesquisaram por semanas a vida e obra Ulysses Serra  para apresentação de sua trajetória de vida e sua importância na ASL.

Raquel Naveira, cadeira número 8 da ASL, é natural de Campo Grande, formada em Direito e em Letras pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), onde lecionou. Doutora em língua e literatura francesas pela Universidade de Nancy, França. Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. Lecionou por anos no ensino superior na área de Letras. Escritora, poeta, é autora com mais de 20 livros publicados, com vasta obra e participação em inúmeras coletâneas. Autora extremamente premiada, já teve indicações ao prêmio Jabuti. Participa constantemente de inúmeros projetos literários pelo país.

Reginaldo Araújo, cadeira número 21 da ASL, é natural de Salgueiro – PE, e reside em MS desde o final década de 70. Bacharel em Teologia , licenciou-se em Educação Escolar. Formado também em Pedagogia (pela UCDB), exerceu o ofício de professor durante vários anos, em diversas escolas; foi responsável, no período de 1990/95, pelos cursos oferecidos pela Patrulha Mirim de Campo Grande; fundou, em 1989, a Associação de Novos Escritores de MS (ANE); e, posteriormente, criou o jornal cultural “Arauto”. Autor de inúmeros livros, é ex-presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

Rubenio Marcelo, cadeira número 35 da ASL, é natural de Aracati-CE, e reside em MS desde os meados da década de 80. É poeta, escritor, ensaísta e compositor, membro e atual secretário-geral da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Foi Conselheiro Estadual de Cultura/MS. Autor de 14 livros publicados e 3 CDs, destacam-se nas suas obras mais recentes os livros “Vias do Infinito Ser” (poemas, livro este que foi indicado pela UFMS como leitura obrigatória para o Vestibular e triênio do PASSE 2021/22/23) e Caminhos, antologia de poemas lançada recentemente.

SOCIARTISTA, AGNES RODRIGUES

Artista visual Agnes Rodrigues

Expondo este mês na ASL pela Confraria Sociartista, Agnes Rodrigues completa 80 anos neste mês de junho. Artista Naif nascida em Campo Grande, MS, continua a se expressar por meio da pintura com a mesma paixão e entusiasmo. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas desde a década de 90 até os dias de hoje e suas obras continuam a encantar a todos com sua liberdade de expressão. Mesmo com conhecimento acadêmico, ela produz Arte Naif num processo pictórico da realidade individual, com uma visão livre de influência acadêmica. Através da intuição e emoção, ela constrói formas, espaços e cores que expressam suas vivências e seu imaginário. As imagens surgem de intenções, inquietações, dores e desafios, principalmente de lembranças vividas da construção e transformação da sua cidade.

UFMS CONCERTO: GABRIEL DOS SANTOS

Violonista Gabriel dos Santos

Realizado em parceria pelas ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o projeto Movimento Concerto, da Universidade Federal de Mato Grosso Sul – UFMS, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” (projeto em parceria com a ASL) terá a participação de Gabriel dos Santos. Músico, professor de música e acadêmico no curso de Música da UFMS, durante vários anos atuou como músico acompanhante nas noites de Campo Grande. Atualmente, dedica-se integralmente ao ensino de violão e música instrumental. Gabriel interpretará as músicas Minueto in A (F. Sor), Estudo in Em (Gabriel dos Santos) e Como eu quero – Kid Abelha (arr. Gabriel dos Santos).

MAESTRO EDUARDO MARTINELLI TRIO

Maestro Eduardo Martinelli Trio.

Além de seu trio e outras formações de grupos instrumentais, Eduardo Martinelli atualmente é maestro da Orquestra Sinfônica de Campo Grande, com a qual tem se apresentado ao lado de solistas brasileiros e de países como EUA, Itália, Coreia do Sul, Argentina, Suíça, Canadá, Trinidad y Tobago, Paraguai, Portugal, Bolívia e Uruguai. Em seu repertório constam obras sinfônicas tradicionais e importantes estreias de destacados compositores. Já se apresentou como solista, camerista e maestro convidado em diversos países da América e Europa.

SERVIÇO

Roda Acadêmica da ASL
“Ulysses Serra”

Dia 27 de junho de 2024, às 19h30min
(Com os projetos “Música Erudita e suas Fronteiras”, com a
UFMS; e “Arte na Academia”, com a Confraria Sociartista)

Auditório da ASL, Rua 14 de Julho, nº 4653
(Altos do São Francisco)

Entrada franca, evento presencial, traje esporte

Um dos mais laureados escritores do Brasil e titular da cadeira 23 na Academia Brasileira de Letras (ABL), o baiano Antônio Torres afirmou ter ficado muito feliz com a acolhida que teve em Mato Grosso do Sul. Ele foi o convidado especial do Chá Acadêmico de Maio, realizado quarta-feira, 29, na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL). “Eu só posso louvar qualquer iniciativa que venha criar espaços não convencionais, aparentemente num universo não convencional, mas com ideias não convencionais, que fogem um pouco da regra. E que exige um capital de experiências, de esforços”, disse. E acrescentou, referindo-se ao alcance do evento: “A ideia está encontrando eco, encontrando seu espaço. Isto é muito importante. Estou aqui para colaborar com este processo”.

Na ocasião, Torres, 83, concedeu na ASL entrevista ao jornalista e escritor Edson Moraes.

Escritor Antônio Torres, imortal da ABL, palestrou na ASL

ANTÔNIO TORRES

(Imortal da Academia Brasileira de Letras)

por Edson Moraes, em 29/05/2024

PERGUNTA – Existe um processo de construção de mentalidade que impõe a cada um a responsabilidade de preservar suas origens e somar suas experiências com outras pessoas e outros lugares. Há processos específicos nas urbes e nas regiões mais afastadas. Quando você escreve suas obras – e eu tomo como ponto de partida a sua obra “Querida Cidade” – há uma transposição entre lugares e realidades que, em vez de se confrontarem, eles se somam nas suas diferenças. Como é possível na literatura transmitir isto numa linguagem acessível do jeito que você faz?

RESPOSTA – São 52 anos de literatura, sem contar os anos de jornalismo, de publicidade, de estrada, de botequim, de cidade em cidade, inclusive em outros países. Aos 24 anos fui de São Paulo para Portugal, morar e trabalhar com publicidade. Foi importantíssimo na minha formação. Os escritores que conheci lá eram publicitários, poetas. Enfim, é uma busca também; um andar pra frente sem perder a visão do que ficou pra trás. E de um confronto entre presente e passado, com a busca de uma pista para o futuro. Mas, olhe ─ meu camarada, meu caro colega, jornalista, escritor: primeiro, vi que você me leu direito. Isto me deixa muito feliz. Numa frase você me entendeu por inteiro. Vou sair daqui com a convicção de que basta esta entrevista para eu achar que ganhei esta viagem a Campo Grande.

P – Você fez “Querida Cidade” em quase 15 anos, verdade?

R – Em 12 anos.

P – Em 12 anos, são muitas as transformações. Como condensá-las e ampliá-las?

R – Foi assim: primeiro, tive um sonho. Sonhei que acordava no último andar de um edifício, o maior de uma cidade, que eu não sabia qual era, e cercada de água por todos os lados. Ao acordar, eu disse: “Opa! Enquanto dormia, escrevi um romance. Opa”! “Enquanto dormia, meu inconsciente me deu um romance!”. Pensei, pensei, até começar a engrenar… você sabe que tudo depende da primeira frase, palavra vai puxando palavra… e eu via e me via, via um homem e me via nele, com o seu reflexo…

P – …tinha um espelho, então…

R – …é, no espelho das águas. E que águas eram essas…?

P – A capa do livro?

R – É, a capa fui eu quem dei. Quando a editora me perguntou se eu tinha alguma ideia para a capa, eu disse: o reflexo de um homem no espelho das águas. E o capista fez isto primorosamente. E que águas são estas?  São as águas do tempo, esse tempo que vai passando. Como o personagem se sente um náufrago, ele se agarra a esse tempo para sobreviver dentro dessas águas, para não naufragar. Então, o romance foi se fazendo assim. Agora, o processo foi tão longo porque eu passava dias e dias com um parágrafo. Eu nunca me senti um escritor tão lento. No começo, esta lentidão me desesperava. Até eu passar a gostar. Aí, comecei a lembrar: quando era menino, vendo a minha mãe passar o pente fino nos cabelos das minhas irmãs para tirar as lêndeas, os piolhos. E aí eu disse: é isso que estou fazendo, é isso que quero fazer: tirar as lêndeas do texto.

P – Era uma lapidação.

R – Nessa lapidação, cabe perguntar: mas, quem se importa com isso? Com essa obstinação, essa procura tão alucinada?

P – Uma inquietude?

R – A inquietude, a busca da limpeza de um texto. E eu me respondia: “Certamente ninguém. Mas você, Antônio, tem que se importar. Porque isto é o que importa”.

P – Você se provocava.

R – É. Isto é o que importa. E aí eu fui muito lentamente, daí esta memória, história puxando história, história puxando história, até que no final do livro eu concluo – o que é o romance? Uma história cheia de histórias. É no que virou o “Querida Cidade”, uma história cheia de histórias. E eu tenho hoje uma súmula desse livro, e você agora acaba de trazer mais uma contribuição enorme, que me deixa encantado. Todo mundo vê uma coisa muito profunda nesse processo, uma coisa muito provocadora, enfim, todo mundo está lendo direito esse livro. Todo mundo, a que me refiro, são os poucos que já leram. Mas nesses poucos há um muito que me diz muitíssimo, que me agrada muitíssimo, me compensa enormemente por esses 12 anos de trabalho. É esta a compreensão que as pessoas estão tendo do processo de criação. Aquilo que eu dizia, que ninguém vai se importar com isto, com toda minha lentidão, ao final acabo descobrindo que eu estava enganado. Está havendo gente que está se importando com isso.

P – Você respondeu que, no momento que se dispôs, corajosamente, a passar tanto tempo buscando aprimorar um parágrafo, não era um aprimoramento técnico, de sintaxe, léxico, de concordância. Era de linguagem intimista, você estava procurando uma intimidade com quem fosse ler, lhe entender. A exegese do escritor é esta? Procurar se fazer entender por todos os leitores?

R – Não sei. Nunca acho que devo ter ou indicar modelos, pontificar sobre o processo da escrita. Fui escritor visitante da Universidade do Estado do Rio por seis anos, trabalhando com os alunos no processo criativo, fazendo oficinas literárias…

P – …e ganhou prêmios no Rio de Janeiro, num momento em que era difícil aceitar que um cara que veio lá do Nordeste, ganhar um prêmio aqui, na área cosmopolita, vindo lá do sertão…houve isso…

R – …é, eu ganhei vários prêmios no Rio, pelo conjunto de obras…

P – …logo que você chegou já ganhou prêmios, não foi?

R – Não, não. Meu primeiro prêmio foi no Rio, mas pelo romance “Balada da Infância Perdida”, que não foi o primeiro, já estava dado, que foi do Pen Club do Brasil, para o “Romance do Ano”. Depois, no Rio, eu ganhei o maior prêmio, o “Machado de Assis”, da Academia Brasileira de Letras. Nem sonhava ir para a Academia, não tinha pretensão. Não estava nos meus planos.

P – Chegamos num divisor, não de águas, mas numa pororoca, no encontro do mar com o rio. Você ganhou o Prêmio Machado de Assis, um escritor que se preocupava com a acessibilidade do leitor. Não só ao real, mas ao fictício também…

R – …dirigindo-se ao leitor …

P – …é, mas que tipo de contribuição isto dá para que a literatura, uma parte da cultura, esteja ao alcance de toda a sociedade, para que todas as pessoas sintam a necessidade e principalmente o direito e as condições que elas têm de acessar, de buscar, esclarecimento? No romance, na poesia, na prosa…

R – Você levanta questões realmente, digamos, transcendentais. Questões para as quais, sinceramente, eu não teria as respostas. Acho que é uma questão de sorte escrever um livro, uma página, um parágrafo, um conto, um romance, que este livro venha a bater com a sensibilidade do leitor. Não adianta até dizer para mim mesmo: “Eu vou fazer isto para ser entendido por todo mundo”. Não é por aí. Não posso fazer isso, tocar no coração de todo mundo. Acho que é o momento que você teve a sorte de achar a palavra, o personagem, o cenário, o instante, o tempo, a história …o leitor pega e se gruda nisso. Quando o escritor chega aí, ele está em estado de graça.

P – Concordo em parte, mas permita-me discordar. Quando você – tem 20 livros, mais ou menos…

R – …dezenove…

P – ..então, você vem para uma Academia de Letras, em 2024, o ambiente de acesso literário no País é diferente de 30 anos atrás. Hoje na ABL temos o Gilberto Gil, indígenas, negros…a ABL hoje é uma instituição que está mais perto da sociedade, se desentronizou, deixa de ser vista como aquele órgão majestoso, um panteon inacessível aos pobres mortais, e só dos intelectuais. A literatura tem compromisso aí, não sei se é sorte. Você trouxe seus 12 anos na elaboração de um parágrafo, valeu a pena por toda obra, independentemente de quantas pessoas conheçam. Quem leu vai falar às outras, efeito multiplicador. Desculpe por falar tudo isso.

  R – Não, estou encantado com suas observações. Uma leitura de uma profundidade, que faz a glória de qualquer escritor. Você tocou num ponto que leva a outra vertente. O quadro da literatura hoje está complicado, com dificuldades. O espaço da literatura está ficando muito reduzido.

P – Da boa literatura.

R – Da boa literatura. Primeiro, a desestabilização da imprensa escrita, a imprensa do papel, que nos dava uma grande sustentabilidade. Todos os jornais. Sou um escritor inventado pela crítica. Quando estreei, ninguém me conhecia – e chegaram a escrever isso no Globo. Ninguém sabia quem era esse cara, “embora seja meu amigo…” E isso de “embora seja”…

P – …o Otto Lara Rezende se não me engano, também dizia isso…

R – …é, foi uma coisa fantástica, toda imprensa nacional puxava por uma resenha do Agnaldo Silva. Na época ele era uma jornalista meio marginal, não era famoso como veio a se tornar, mas já tinha um nome na literatura, porque estreou como escritor (com o livro “Redenção Para Job”, da Editora do Autor) no Rio de Janeiro, publicado por uma editora do Fernando Sabino e Rubem Braga, que eram sócios. O livro foi lançado numa sexta-feira, na segunda-feira saiu o jornal “Opinião”, em São Paulo, com a resenha dele. E o título que ele deu foi: “Uivai com os cães”. E dizia, com todas as letras, que ali estava uma feliz estreia e que o autor era uma das maiores revelações e tal…E o Aguinaldo, com essa crítica, puxou todo os críticos do Brasil. Vieram todos atrás.

P – Ele foi a locomotiva?

R – Foi. Ao escrever isto. Eu era um dos desconhecidos. É como se fosse o livro certo na hora certa. É outra coisa que o escritor tem que dar sorte. É como o “Torto Arado”, (livro), do Itamar Vieira. Enfim, esta é uma luta. Carlos Drummond de Andrade já dizia: “Lutar com as palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã”.

P – Em Corumbá, tinha um fazendeiro, extraordinária figura, foi jornalista,

cronista, escritor. Foi do Partido Comunista. Era amigo de todo aquele pessoal da Semana da Arte Moderna de 2022. Participava de reunião na casa do Plinio Doyle, o Sabadoyle…

R – …eu fui lá uma vez…

P – Você foi?

R – Fui, o Drummond (Carlos Drummond de Andrade) ia…

P – …o Drummond, sim. Eu tenho um livro daquela reunião, “Encontros do Sabadoyle”. Mas eu lhe pergunto: como você avalia esta iniciativa da ASL, ao promover este recorte – não só literário, mas cultural -, de trazer a Academia Brasileira para uma Academia Estadual, e deixar que a sociedade se imponha pelo conhecimento da importância das obras?

R –  Eu só posso louvar qualquer iniciativa que venha criar espaços não convencionais, aparentemente num universo não convencional, mas com ideias não convencionais, que fogem um pouco da regra. E que exige um capital de experiências, de esforços. Noto que o poeta que conheci ontem, Henrique de Medeiros, está trabalhando muito neste projeto, vestindo a camisa. E o resultado de público (que possa estar presente à palestra) não sei, mas de divulgação é fantástico. Já tem visibilidade. É impossível que as pessoas não estejam tomando conhecimento de alguma maneira. Está divulgado. Está aí na capa de jornais, nas mídias sociais. Ele me mandou uma quantidade enorme de matérias. Só por isso já é indício que a ideia está encontrando eco, encontrando seu espaço. Isto é muito importante. Estou aqui para colaborar com este processo.