O acadêmico criou para o Estado um grande marco cultural: a ASL

Escritor, tabelião e político, sempre ligado ao mundo das letras, Ulysses Serra – fundador da ASL – é o homenageado da Roda de conversas e leituras da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras desta quinta-feira, dia 27, às 19h30min, em atividade presencial no auditório da sede da instituição, na avenida 14 de julho, 4653, nos Altos do São Francisco – com entrada franca e roupa esporte.

Acadêmicos Reginaldo Araújo, Raquel Naveira e Rubenio Marcelo

Personagem que deixou para Mato Grosso do Sul um de seus maiores marcos culturais: a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Ulysses recebe justa celebração da ASL, com   apresentação dos acadêmicos Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo. Os Chás e Rodas Acadêmicas de 2024 são uma parceria entre a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e a Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Mato Grosso do Sul, pela Fundação de Cultura do Estado.

Haverá também exposição de artes visuais da Confraria Sociartista e apresentação do projeto Movimento Concerto, da UFMS, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” – realizado em parceria pela ASL e a  Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Após a palestra, na confraternização, haverá ainda participação instrumental do Maestro Eduardo Martinelli Trio, com violão, violino e baixo acústico.

ULYSSES SERRA

Fundador da ASL, escritor Ulysses Serra

Filho de Arnaldo Olavo de Almeida Serra e Júlia Barbato de Almeida Serra, o fundador da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras – o escritor Ulysses Serra – nasceu em Corumbá/MS, em 1º de setembro de 1906, e passou grande parte de sua vida em Campo Grande. Formou-se como perito contador em São Paulo e iniciou a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro. Retornando a Campo Grande no período do governo de Getúlio Vargas, foi membro do Conselho Administrativo do Mato Grosso (antes, foi deputado estadual classista). Depois, Ulysses tornou-se tabelião e escrivão do 5º Ofício (da comarca de Campo Grande) e presidiu o Partido Social Democrático (PSD). Foi eleito vereador. Pertenceu, ainda, ao Rotary Clube de Campo Grande, à Academia Mato-Grossense de Letras e à Associação Comercial de Campo Grande. Sempre se dedicou ao mundo das letras. Lançou, em 13 de outubro de 1971, o seu antológico livro Camalotes e Guavirais, que é obra referencial da literatura sul-mato-grossense. Fundou – em 30 de outubro de 1971, na chácara de sua propriedade, de nome Gisele – a Academia de Letras e História de Campo Grande (posteriormente, com a criação do novo estado do MS – em 1978 – Academia Sul-Mato-Grossense de Letras). Esta fundação da Academia teve participação também de José Couto Vieira Pontes e Germano Barros de Sousa. Ulysses Serra faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de julho de 1972, fato que o impediu de participar da instalação oficial da Academia (que aconteceu no dia 13 de outubro de 1972, em grande festa cultural em Campo Grande).

OS ACADÊMICOS

Participantes desta Roda, os imortais Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo estudaram e pesquisaram por semanas a vida e obra Ulysses Serra  para apresentação de sua trajetória de vida e sua importância na ASL.

Raquel Naveira, cadeira número 8 da ASL, é natural de Campo Grande, formada em Direito e em Letras pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB/MS), onde lecionou. Doutora em língua e literatura francesas pela Universidade de Nancy, França. Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. Lecionou por anos no ensino superior na área de Letras. Escritora, poeta, é autora com mais de 20 livros publicados, com vasta obra e participação em inúmeras coletâneas. Autora extremamente premiada, já teve indicações ao prêmio Jabuti. Participa constantemente de inúmeros projetos literários pelo país.

Reginaldo Araújo, cadeira número 21 da ASL, é natural de Salgueiro – PE, e reside em MS desde o final década de 70. Bacharel em Teologia , licenciou-se em Educação Escolar. Formado também em Pedagogia (pela UCDB), exerceu o ofício de professor durante vários anos, em diversas escolas; foi responsável, no período de 1990/95, pelos cursos oferecidos pela Patrulha Mirim de Campo Grande; fundou, em 1989, a Associação de Novos Escritores de MS (ANE); e, posteriormente, criou o jornal cultural “Arauto”. Autor de inúmeros livros, é ex-presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

Rubenio Marcelo, cadeira número 35 da ASL, é natural de Aracati-CE, e reside em MS desde os meados da década de 80. É poeta, escritor, ensaísta e compositor, membro e atual secretário-geral da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Foi Conselheiro Estadual de Cultura/MS. Autor de 14 livros publicados e 3 CDs, destacam-se nas suas obras mais recentes os livros “Vias do Infinito Ser” (poemas, livro este que foi indicado pela UFMS como leitura obrigatória para o Vestibular e triênio do PASSE 2021/22/23) e Caminhos, antologia de poemas lançada recentemente.

SOCIARTISTA, AGNES RODRIGUES

Artista visual Agnes Rodrigues

Expondo este mês na ASL pela Confraria Sociartista, Agnes Rodrigues completa 80 anos neste mês de junho. Artista Naif nascida em Campo Grande, MS, continua a se expressar por meio da pintura com a mesma paixão e entusiasmo. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas desde a década de 90 até os dias de hoje e suas obras continuam a encantar a todos com sua liberdade de expressão. Mesmo com conhecimento acadêmico, ela produz Arte Naif num processo pictórico da realidade individual, com uma visão livre de influência acadêmica. Através da intuição e emoção, ela constrói formas, espaços e cores que expressam suas vivências e seu imaginário. As imagens surgem de intenções, inquietações, dores e desafios, principalmente de lembranças vividas da construção e transformação da sua cidade.

UFMS CONCERTO: GABRIEL DOS SANTOS

Violonista Gabriel dos Santos

Realizado em parceria pelas ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o projeto Movimento Concerto, da Universidade Federal de Mato Grosso Sul – UFMS, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” (projeto em parceria com a ASL) terá a participação de Gabriel dos Santos. Músico, professor de música e acadêmico no curso de Música da UFMS, durante vários anos atuou como músico acompanhante nas noites de Campo Grande. Atualmente, dedica-se integralmente ao ensino de violão e música instrumental. Gabriel interpretará as músicas Minueto in A (F. Sor), Estudo in Em (Gabriel dos Santos) e Como eu quero – Kid Abelha (arr. Gabriel dos Santos).

MAESTRO EDUARDO MARTINELLI TRIO

Maestro Eduardo Martinelli Trio.

Além de seu trio e outras formações de grupos instrumentais, Eduardo Martinelli atualmente é maestro da Orquestra Sinfônica de Campo Grande, com a qual tem se apresentado ao lado de solistas brasileiros e de países como EUA, Itália, Coreia do Sul, Argentina, Suíça, Canadá, Trinidad y Tobago, Paraguai, Portugal, Bolívia e Uruguai. Em seu repertório constam obras sinfônicas tradicionais e importantes estreias de destacados compositores. Já se apresentou como solista, camerista e maestro convidado em diversos países da América e Europa.

SERVIÇO

Roda Acadêmica da ASL
“Ulysses Serra”

Dia 27 de junho de 2024, às 19h30min
(Com os projetos “Música Erudita e suas Fronteiras”, com a
UFMS; e “Arte na Academia”, com a Confraria Sociartista)

Auditório da ASL, Rua 14 de Julho, nº 4653
(Altos do São Francisco)

Entrada franca, evento presencial, traje esporte

Um dos mais laureados escritores do Brasil e titular da cadeira 23 na Academia Brasileira de Letras (ABL), o baiano Antônio Torres afirmou ter ficado muito feliz com a acolhida que teve em Mato Grosso do Sul. Ele foi o convidado especial do Chá Acadêmico de Maio, realizado quarta-feira, 29, na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL). “Eu só posso louvar qualquer iniciativa que venha criar espaços não convencionais, aparentemente num universo não convencional, mas com ideias não convencionais, que fogem um pouco da regra. E que exige um capital de experiências, de esforços”, disse. E acrescentou, referindo-se ao alcance do evento: “A ideia está encontrando eco, encontrando seu espaço. Isto é muito importante. Estou aqui para colaborar com este processo”.

Na ocasião, Torres, 83, concedeu na ASL entrevista ao jornalista e escritor Edson Moraes.

Escritor Antônio Torres, imortal da ABL, palestrou na ASL

ANTÔNIO TORRES

(Imortal da Academia Brasileira de Letras)

por Edson Moraes, em 29/05/2024

PERGUNTA – Existe um processo de construção de mentalidade que impõe a cada um a responsabilidade de preservar suas origens e somar suas experiências com outras pessoas e outros lugares. Há processos específicos nas urbes e nas regiões mais afastadas. Quando você escreve suas obras – e eu tomo como ponto de partida a sua obra “Querida Cidade” – há uma transposição entre lugares e realidades que, em vez de se confrontarem, eles se somam nas suas diferenças. Como é possível na literatura transmitir isto numa linguagem acessível do jeito que você faz?

RESPOSTA – São 52 anos de literatura, sem contar os anos de jornalismo, de publicidade, de estrada, de botequim, de cidade em cidade, inclusive em outros países. Aos 24 anos fui de São Paulo para Portugal, morar e trabalhar com publicidade. Foi importantíssimo na minha formação. Os escritores que conheci lá eram publicitários, poetas. Enfim, é uma busca também; um andar pra frente sem perder a visão do que ficou pra trás. E de um confronto entre presente e passado, com a busca de uma pista para o futuro. Mas, olhe ─ meu camarada, meu caro colega, jornalista, escritor: primeiro, vi que você me leu direito. Isto me deixa muito feliz. Numa frase você me entendeu por inteiro. Vou sair daqui com a convicção de que basta esta entrevista para eu achar que ganhei esta viagem a Campo Grande.

P – Você fez “Querida Cidade” em quase 15 anos, verdade?

R – Em 12 anos.

P – Em 12 anos, são muitas as transformações. Como condensá-las e ampliá-las?

R – Foi assim: primeiro, tive um sonho. Sonhei que acordava no último andar de um edifício, o maior de uma cidade, que eu não sabia qual era, e cercada de água por todos os lados. Ao acordar, eu disse: “Opa! Enquanto dormia, escrevi um romance. Opa”! “Enquanto dormia, meu inconsciente me deu um romance!”. Pensei, pensei, até começar a engrenar… você sabe que tudo depende da primeira frase, palavra vai puxando palavra… e eu via e me via, via um homem e me via nele, com o seu reflexo…

P – …tinha um espelho, então…

R – …é, no espelho das águas. E que águas eram essas…?

P – A capa do livro?

R – É, a capa fui eu quem dei. Quando a editora me perguntou se eu tinha alguma ideia para a capa, eu disse: o reflexo de um homem no espelho das águas. E o capista fez isto primorosamente. E que águas são estas?  São as águas do tempo, esse tempo que vai passando. Como o personagem se sente um náufrago, ele se agarra a esse tempo para sobreviver dentro dessas águas, para não naufragar. Então, o romance foi se fazendo assim. Agora, o processo foi tão longo porque eu passava dias e dias com um parágrafo. Eu nunca me senti um escritor tão lento. No começo, esta lentidão me desesperava. Até eu passar a gostar. Aí, comecei a lembrar: quando era menino, vendo a minha mãe passar o pente fino nos cabelos das minhas irmãs para tirar as lêndeas, os piolhos. E aí eu disse: é isso que estou fazendo, é isso que quero fazer: tirar as lêndeas do texto.

P – Era uma lapidação.

R – Nessa lapidação, cabe perguntar: mas, quem se importa com isso? Com essa obstinação, essa procura tão alucinada?

P – Uma inquietude?

R – A inquietude, a busca da limpeza de um texto. E eu me respondia: “Certamente ninguém. Mas você, Antônio, tem que se importar. Porque isto é o que importa”.

P – Você se provocava.

R – É. Isto é o que importa. E aí eu fui muito lentamente, daí esta memória, história puxando história, história puxando história, até que no final do livro eu concluo – o que é o romance? Uma história cheia de histórias. É no que virou o “Querida Cidade”, uma história cheia de histórias. E eu tenho hoje uma súmula desse livro, e você agora acaba de trazer mais uma contribuição enorme, que me deixa encantado. Todo mundo vê uma coisa muito profunda nesse processo, uma coisa muito provocadora, enfim, todo mundo está lendo direito esse livro. Todo mundo, a que me refiro, são os poucos que já leram. Mas nesses poucos há um muito que me diz muitíssimo, que me agrada muitíssimo, me compensa enormemente por esses 12 anos de trabalho. É esta a compreensão que as pessoas estão tendo do processo de criação. Aquilo que eu dizia, que ninguém vai se importar com isto, com toda minha lentidão, ao final acabo descobrindo que eu estava enganado. Está havendo gente que está se importando com isso.

P – Você respondeu que, no momento que se dispôs, corajosamente, a passar tanto tempo buscando aprimorar um parágrafo, não era um aprimoramento técnico, de sintaxe, léxico, de concordância. Era de linguagem intimista, você estava procurando uma intimidade com quem fosse ler, lhe entender. A exegese do escritor é esta? Procurar se fazer entender por todos os leitores?

R – Não sei. Nunca acho que devo ter ou indicar modelos, pontificar sobre o processo da escrita. Fui escritor visitante da Universidade do Estado do Rio por seis anos, trabalhando com os alunos no processo criativo, fazendo oficinas literárias…

P – …e ganhou prêmios no Rio de Janeiro, num momento em que era difícil aceitar que um cara que veio lá do Nordeste, ganhar um prêmio aqui, na área cosmopolita, vindo lá do sertão…houve isso…

R – …é, eu ganhei vários prêmios no Rio, pelo conjunto de obras…

P – …logo que você chegou já ganhou prêmios, não foi?

R – Não, não. Meu primeiro prêmio foi no Rio, mas pelo romance “Balada da Infância Perdida”, que não foi o primeiro, já estava dado, que foi do Pen Club do Brasil, para o “Romance do Ano”. Depois, no Rio, eu ganhei o maior prêmio, o “Machado de Assis”, da Academia Brasileira de Letras. Nem sonhava ir para a Academia, não tinha pretensão. Não estava nos meus planos.

P – Chegamos num divisor, não de águas, mas numa pororoca, no encontro do mar com o rio. Você ganhou o Prêmio Machado de Assis, um escritor que se preocupava com a acessibilidade do leitor. Não só ao real, mas ao fictício também…

R – …dirigindo-se ao leitor …

P – …é, mas que tipo de contribuição isto dá para que a literatura, uma parte da cultura, esteja ao alcance de toda a sociedade, para que todas as pessoas sintam a necessidade e principalmente o direito e as condições que elas têm de acessar, de buscar, esclarecimento? No romance, na poesia, na prosa…

R – Você levanta questões realmente, digamos, transcendentais. Questões para as quais, sinceramente, eu não teria as respostas. Acho que é uma questão de sorte escrever um livro, uma página, um parágrafo, um conto, um romance, que este livro venha a bater com a sensibilidade do leitor. Não adianta até dizer para mim mesmo: “Eu vou fazer isto para ser entendido por todo mundo”. Não é por aí. Não posso fazer isso, tocar no coração de todo mundo. Acho que é o momento que você teve a sorte de achar a palavra, o personagem, o cenário, o instante, o tempo, a história …o leitor pega e se gruda nisso. Quando o escritor chega aí, ele está em estado de graça.

P – Concordo em parte, mas permita-me discordar. Quando você – tem 20 livros, mais ou menos…

R – …dezenove…

P – ..então, você vem para uma Academia de Letras, em 2024, o ambiente de acesso literário no País é diferente de 30 anos atrás. Hoje na ABL temos o Gilberto Gil, indígenas, negros…a ABL hoje é uma instituição que está mais perto da sociedade, se desentronizou, deixa de ser vista como aquele órgão majestoso, um panteon inacessível aos pobres mortais, e só dos intelectuais. A literatura tem compromisso aí, não sei se é sorte. Você trouxe seus 12 anos na elaboração de um parágrafo, valeu a pena por toda obra, independentemente de quantas pessoas conheçam. Quem leu vai falar às outras, efeito multiplicador. Desculpe por falar tudo isso.

  R – Não, estou encantado com suas observações. Uma leitura de uma profundidade, que faz a glória de qualquer escritor. Você tocou num ponto que leva a outra vertente. O quadro da literatura hoje está complicado, com dificuldades. O espaço da literatura está ficando muito reduzido.

P – Da boa literatura.

R – Da boa literatura. Primeiro, a desestabilização da imprensa escrita, a imprensa do papel, que nos dava uma grande sustentabilidade. Todos os jornais. Sou um escritor inventado pela crítica. Quando estreei, ninguém me conhecia – e chegaram a escrever isso no Globo. Ninguém sabia quem era esse cara, “embora seja meu amigo…” E isso de “embora seja”…

P – …o Otto Lara Rezende se não me engano, também dizia isso…

R – …é, foi uma coisa fantástica, toda imprensa nacional puxava por uma resenha do Agnaldo Silva. Na época ele era uma jornalista meio marginal, não era famoso como veio a se tornar, mas já tinha um nome na literatura, porque estreou como escritor (com o livro “Redenção Para Job”, da Editora do Autor) no Rio de Janeiro, publicado por uma editora do Fernando Sabino e Rubem Braga, que eram sócios. O livro foi lançado numa sexta-feira, na segunda-feira saiu o jornal “Opinião”, em São Paulo, com a resenha dele. E o título que ele deu foi: “Uivai com os cães”. E dizia, com todas as letras, que ali estava uma feliz estreia e que o autor era uma das maiores revelações e tal…E o Aguinaldo, com essa crítica, puxou todo os críticos do Brasil. Vieram todos atrás.

P – Ele foi a locomotiva?

R – Foi. Ao escrever isto. Eu era um dos desconhecidos. É como se fosse o livro certo na hora certa. É outra coisa que o escritor tem que dar sorte. É como o “Torto Arado”, (livro), do Itamar Vieira. Enfim, esta é uma luta. Carlos Drummond de Andrade já dizia: “Lutar com as palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã”.

P – Em Corumbá, tinha um fazendeiro, extraordinária figura, foi jornalista,

cronista, escritor. Foi do Partido Comunista. Era amigo de todo aquele pessoal da Semana da Arte Moderna de 2022. Participava de reunião na casa do Plinio Doyle, o Sabadoyle…

R – …eu fui lá uma vez…

P – Você foi?

R – Fui, o Drummond (Carlos Drummond de Andrade) ia…

P – …o Drummond, sim. Eu tenho um livro daquela reunião, “Encontros do Sabadoyle”. Mas eu lhe pergunto: como você avalia esta iniciativa da ASL, ao promover este recorte – não só literário, mas cultural -, de trazer a Academia Brasileira para uma Academia Estadual, e deixar que a sociedade se imponha pelo conhecimento da importância das obras?

R –  Eu só posso louvar qualquer iniciativa que venha criar espaços não convencionais, aparentemente num universo não convencional, mas com ideias não convencionais, que fogem um pouco da regra. E que exige um capital de experiências, de esforços. Noto que o poeta que conheci ontem, Henrique de Medeiros, está trabalhando muito neste projeto, vestindo a camisa. E o resultado de público (que possa estar presente à palestra) não sei, mas de divulgação é fantástico. Já tem visibilidade. É impossível que as pessoas não estejam tomando conhecimento de alguma maneira. Está divulgado. Está aí na capa de jornais, nas mídias sociais. Ele me mandou uma quantidade enorme de matérias. Só por isso já é indício que a ideia está encontrando eco, encontrando seu espaço. Isto é muito importante. Estou aqui para colaborar com este processo.

Antônio Torres – imortal escritor da Academia Brasileira de Letras premiado, entre outros, com o Prêmio Machado de Assis, concedido pela ABL; ganhador do Prêmio Jabuti; e condecorado pelo governo francês por seus livros traduzidos na França com o Chevalier des Arts et des Lettres -, é o palestrante do Chá Acadêmico do mês de maio na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, excepcionalmente nesta quarta-feira, dia 29, em função dos feriados. O evento faz parte do projeto “ABL na ASL: Palestras Imortais”, realizado pela Academia em parceria com a Setesc – Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura através da Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul para difundir, estimular e valorizar a leitura e a educação no Estado.

Acadêmico Antônio Torres (foto Daniel Mordzinski)

A palestra é presencial, com entrada franca e o traje é esporte, no auditório da ASL, na rua 14 de Julho, 4653, em Campo Grande, às 19h30min. O tema da palestra será “Eu venho lá do sertão… E posso lhe agradar”, e segundo Antônio Torres “trata-se de um passeio por um velho cenário, há muito tempo considerado um terreno exaurido para a criação literária, e que volta a ter uma forte presença no imaginário nacional, com resultados surpreendentes. Como é o caso de Torto Arado, romance de Itamar Vieira Júnior que tem ao fundo o sertão baiano da Chapada Diamantina”. Para o imortal, “este é só um exemplo do quanto a literatura brasileira vem se revigorando pelas veredas da temática sertaneja”.

O presidente da ASL, Henrique de Medeiros, reafirmou a importância do projeto ABL na ASL para a Cultura no Estado, abrindo mais caminhos ainda para a discussão literocultural. Após Antônio Torres, haverá palestras até novembro em Mato Grosso do Sul dos imortais da ABL Ana Maria Machado, Godofredo de Oliveira Neto e Ricardo Cavaliere. Pela ASL, os imortais que ainda participarão das Rodas Acadêmicas até novembro serão Ana Maria Bernardelli, Elizabeth Fonseca, Henrique de Medeiros, Lenilde Ramos, Raquel Naveira, Rubenio Marcelo, Sérgio Cruz e Sylvia Cesco.

UFMS E CONFRARIA SOCIARTISTA

O Chá Acadêmico de março terá ainda a continuidade dos projetos com a UFMS e a Confraria Sociartista. O projeto “Arte na Academia” realiza exposições de artes visuais nas Rodas e Chás Acadêmicos, bem como o projeto “Música Erudita e suas Fronteiras”, realizado em parceria pela ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul dentro do projeto “Movimento Concerto” aborda apresentações musicais eruditas. Haverá ainda participação, com interpretações instrumentais na confraternização do evento, do músico Otávio Neto.

ANTÔNIO TORRES

Nascido no sertão nordestino (Sátiro Dias, Bahia, 1940), Antônio Torres descobriu a vocação literária na escola rural da sua infância, na qual se lia poesia e textos em prosa em voz alta todo dia. Logo, passou a escrever as cartas das pessoas do lugar e a recitar poemas em praça pública no Dia da Bandeira e no Sete de Setembro, e a ajudar o padre a celebrar a missa – em latim! Esse tempo ficou gravado em sua memória, e marcaria o seu destino de escritor.

Sua estreia literária se deu em 1972, com o romance Um cão uivando para a Lua, que causou um grande impacto na crítica e no público. De lá para cá, publicou 19 livros, entre os quais se destacam a Trilogia Brasil (Essa Terra, O cachorro e o lobo, Pelo fundo da agulha), Meu Querido Canibal, e Querida Cidade -seu 12º. romance, de 2021 -, assim como o livro de contos Meninos, eu conto, já na 15ª. edição. Sua premiada obra, que passeia por cenários urbanos, rurais e históricos, tem várias edições no Brasil e traduções em muitos países, da Argentina ao Vietnã. Torres é membro da Academia Brasileira de Letras, na qual ocupa a cadeira 23, fundada por Machado de Assis; da Academia de Letras da Bahia, onde sucedeu a João Ubaldo Ribeiro; da Academia Petropolitana de Letras; da Academia Contemporânea de Letras (São Paulo) – e é sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

Confraria Sociartista, com as artistas visuais Lúcia Monte Serrat, Adriana Teixeira e Luciana Rondon

ADRIANA TEIXEIRA, LUCIANA RONDON E LÚCIA MONTE SERRAT

Três integrantes da Confraria Sociartista participarão da exposição de artes visuais do mês de maio, dentro de suas linguagens visuais distintas, sob o tema “Paisagens e Colagens que vibram e iluminam”. Adriana Teixeira, artista visual e grande admiradora dos pintores expressionistas e modernistas traz em suas obras temáticas relacionadas ao afeto, à família, à amizade, à maternidade. A figura feminina é recorrente em suas telas e é comum aparecerem circundadas por flores e folhagens na composição de seus trabalhos. Luciana Rondon, artista visual, psicóloga e escritora, tem pinturas presentes no livro “No Mundo Encantado de Luciana”, e já expôs em diversas instituições e mostras de artes. Lúcia Monte Serrat é formada pela Escola de Belas Artes de Curitiba, mestre em Educação e professora. Seus trabalhos de pintura percorrem diversos caminhos, desde figuras femininas a pinturas carregadas de densidade e cores vibrantes. Além de exposições, participou da publicação de livros sobre as artes visuais em Mato Grosso do Sul.

Violonista Joel Mendes, pelo projeto ASL-UFMS

JOEL MENDES

Realizado em parceria pelas ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o projeto Movimento Concerto – da UFMS -, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” terá apresentação abordando Marco Pereira, Fernando Deghi e João Pernambuco.

As interpretações serão pelo violonista Joel Mendes, com Licenciatura em Música da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e que atualmente leciona o instrumento violão pelo DEAC (Divisão de Esporte, Arte e Cultura) da REME (Rede Municipal de Ensino de Campo Grande). Joel iniciou seus estudos de violão aos 11 anos de idade e foi integrante da Orquestra de Violões de Campo Grande – OVCG. Estudou com Marcelo Fernandes e Anderson Francellino e participou de vários cursos e masterclasses com renomados violonistas, entre eles: Paulo Porto Alegre, André Simão, Luciano Moraes, Edelton Gloeden, Ana Cristina Tourinho, Edmauro de Oliveira, Gilson Antunes, Fabio Zanon, Turíbio Santos, Pedro Jesus, Henrique Annes.

Serviço

Chá Acadêmico

ABL na ASL, Palestras Imortais / Antônio Torres

“Eu venho lá do sertão… E posso lhe agradar”

Dia 29 de maio de 2024, às 19h30min

(Com os projetos “Música Erudita e suas Fronteiras”, com a

UFMS; e “Arte da Academia”, com a Confraria Sociartista)

Auditório da ASL, Rua 14 de Julho, nº 4653 (Altos do São Francisco)

Entrada franca, evento presencial, traje esporte

Acadêmicos presentes à posse do novo imortal Sérgio Manoel da Cruz

O escritor, jornalista, radialista e pesquisador Sérgio Manoel da Cruz foi empossado como novo integrante entre os imortais sul-mato-grossenses, em solenidade realizada na sede da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras na sexta-feira, dia 03, assumindo a Cadeira nº 22, que anteriormente pertenceu a Oliva Enciso e Rêmolo Letteriello. O acadêmico empossado evidenciou em seu discurso que “sempre quis estar aqui (na ASL) e sinto que chego a tempo; espero estar preparado para corresponder às minhas próprias expectativas”.

Sérgio Cruz presta juramento frente ao secretário-geral Rubenio Marcelo e ao presidente Henrique de Medeiros. Também na foto a presidente do IHGMS – Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Madalena Greco.

Abordando em seu discurso seus antecessores, compromissos com a cultura, a ética e o jornalismo, Sérgio Cruz passa a participar como imortal da pluraridade literocultural da ASL no Estado. Segundo Sérgio Cruz, “meus sonhos, como ontem, continuam ilimitados”. Salientou ainda que “A Academia sempre trabalhou pela inclusão cultural através da vários projetos permanentes, que tem desenvolvido com o êxito esperado. Vou participar desta força-tarefa”, destacou..”

Sérgio Cruz foi recebido na ASL com saudação oficial do acadêmico Américo Calheiros, que valorizou a presença do novo acadêmico entre os imortais afirmando que “teve uma marcante atuação como radialista, jornalista, político e escritor; tudo que fez, foi de seu jeito, emprestando a cada uma dessas áreas, sua inteligência, sua força criativa e sua personalidade”. Américo ainda ressaltou que Sérgio Cruz “escreveu uma história rica e interessante de vida, e representa todos aqueles a quem a capacidade de resiliência permite a vitória sobre todas as adversidades.”

O acadêmico Américo Calheiros fez pela ASL o discurso de recepção ao novo imortal

A solenidade de posse foi conduzida pelo secretário-geral da ASL, Rubenio Marcelo. O presidente da Academia, Henrique de Medeiros, destacou a participação do novo acadêmico em relação à cultura estadual e o reconhecimento de sua obra, e que pela sua trajetória “pode ser considerada como a resistência e a vitória de um verdadeiro brasileiro, pela sua história de vida”. Ao entrar para a solenidade, Sérgio Cruz foi acompanhado pelos acadêmicos Pedro Chaves e Humberto Espíndola.

Familiares de Sérgio Cruz entregaram o diploma de posse
O colar acadêmico foi entregue pela confreira Lucilene Machado e pelo confrade José Pedro Frazão

O novo acadêmico

Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências Políticas, autor de nove livros, escritor, jornalista, radialista e pesquisador, Sérgio Manoel da Cruz é natural de Salgueiro, Pernambuco, e radicou-se em Campo Grande há sessenta anos, em 1963.

Sérgio Cruz tem vasta produção autoral, com os livros Guerra ao Contrabando (1984), Pantanal – O Estado das Águas (1999), Por que mataram o doutor Ari (2001), Sangue de Herói (2002), Datas e fatos históricos do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal (2004), Sangue no Oeste (2021), Campo Grande, 150 anos de história (2022), História da Fundação de Mato Grosso do Sul (2022) e Campo Grande, força e luz (2023).

Na política, foi deputado federal por Mato Grosso durante uma legislatura, e ainda deputado estadual (uma legislatura) e deputado federal (uma legislatura) por Mato Grosso do Sul.

Foi reconhecido pelos seus trabalhos no Estado com os títulos de cidadão sul-mato-grossense, cidadão campo-grandense, além de cidadão douradense – por sua atuação político-educativa apresentando o primeiro projeto para a criação da Universidade Federal da Grande Dourados, na Câmara dos Deputados – e cidadão Novo Horizontino do Sul pela sua luta em defesa dos brasiguaios.

É enorme sua participação profissional jornalística: como radialista, foi apresentador de programas, comentarista político e locutor com grande audiência em dez rádios nas cidades de São Paulo e Santo André – SP, Cuiabá – MT, Dourados e Campo Grande – MS e em duas emissoras de televisão em Campo Grande – MS. Como redator, trabalhou em nove jornais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, entre eles o Progresso, Diário da Serra, Tribuna, Jornal do Povo, Primeira Hora e Boca do Povo. Já ganhou o Prêmio MS de Jornalismo conferido pela FIEMS.

Também na área artística-cultural, é compositor com músicas gravadas por Aurélio Miranda, Tostão e Guarani, Simona, Pininha e Verinha, Duo Glacial e José Bétio.

Os imortais Pedro Chaves dos Santos e Humberto Espíndola fizeram o tradicional acompanhamento a Sérgio Cruz em sua entrada na solenidade
Sérgio Manoel da Cruz fez um emocionado pronunciamento

Pauta Cultural

Extremamente prestigiada, a solenidade de posse teve em sua pauta cultural apresentação artística dos músicos/compositores Moacir Lacerda, Gilson Espíndola e Luiz Sayd, que interpretaram canções sobre a jornada épica de Aleixo Garcia, registrando em poesias sonoras a sua chegada em terras de Mato Grosso do Sul em 1524, quando a partir de MS foram descobertos os territórios do Paraguai, Bolívia e Império Inca.

Apresentação cultural abordou a jornada épica de Aleixo Garcia

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras

Com 52 anos, a Academia Sul-Mato-Grossense e Letras foi fundada no dia 30 de outubro de 1971 e tem marcante atuação no cultivo da arte literária e todas as expressões artísticas, sendo a casa cultural de maior representação no Estado. Com 40 Cadeiras vitalícias, mais informações sobre a ASL e seus acadêmicos encontram-se no site www.acletrasms.org.br .

Saudosa cadeira número 19 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Maria da Glória Sá Rosa, a “Professora Glorinha” ─ que tanto contribuiu para a construção da Cultura e Educação no Estado ─ é a homenageada da Roda Acadêmica da ASL, que trará lembranças e a história da imortal nesta quinta-feira, 25 de abril, no auditório da sede da Academia, na rua 14 de julho, 4653, às 19h30min.

Profª Maria da Glória Sá Rosa

Personagem que deixou para Mato Grosso do Sul um imenso legado cultural, a Professora Glorinha será lembrada com leituras e conversas sobre sua vida, através da apresentação dos acadêmicos Marisa Serrano, Américo Calheiros e Henrique de Medeiros. Estão convidados também, para intervenções, Albana Xavier, Lenilde Ramos e Paulo Simões. A atividade é presencial, a entrada é franca e o traje, esporte.

Acadêmicos Américo Calheiros, Marisa Serrano e Henrique de Medeiros

Os Chás e Rodas Acadêmicas de 2024 são uma parceria entre a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e a Secretaria de Turismo, Esporte e Cultura de Mato Grosso do Sul, pela Fundação de Cultura do Estado. A quinta-feira terá também a participação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com o Música Erudita e suas Fronteiras”, realizado em parceria pelas ASL e a UFMS dentro do projeto “Movimento Concerto”.

A apresentação musical da UFMS, que abordará obras de Geraldo Ribeiro, Aníbal Augusto Sardinha (Garoto) e Levino Albano da Conceição, terá a presença de Evandro Dotto, violonista, professor, produtor e pesquisador, bacharel em violão pelo Conservatório Brasileiro de Música – RJ – 2012. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais, e entre seus principais projetos destacam-se “Panorama Violonístico – 2018” com concertos na capital e no interior; em 2023, executou o projeto “Musica Erudita nas Escolas e Universidades”, através do fundo de investimento cultural do Estado/MS.

Músico Evandro Dotto

Realizados no auditório da ASL, na rua 14 de julho, 4653, os Chás Acadêmicos e as Rodas Acadêmicas de 2024 têm suas apresentações de março a novembro, sempre nas últimas quintas-feiras de cada mês.

Roda Acadêmica da ASL 

“ Maria da Glória Sá rosa

(Profª Glorinha) ”

Dia 25 de abril de 2024, às 19h30min

(Com o projeto “Música Erudita e

suas Fronteiras”,  com a UFMS)

Auditório da ASL, Rua 14 de Julho, nº 4653

(Altos do São Francisco)

Entrada franca, evento presencial, traje esporte.

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) ofereceu na noite de quinta-feira passada (28/03) mais um chá acadêmico sobre episódios e abordagens histórico-culturais do País. Na sede da entidade, o professor Arno Wehling, titular da cadeira Nº 37 da Academia Brasileira de Letras (ABL), discorreu sobre o instigante tema “Um idealismo constitucional?”, dentro da série “ABL-ASL Palestras Imortais”, com o apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

O imortal Arno Wehling, da Academia Brasileira de Letras

No Bicentenário da Constituição de 1824, o apelo temático remete a uma das quadras históricas mais importantes do Brasil, cujos impactos se espraiaram pelas instituições, costumes e diferentes regiões, salientou o presidente da ASL, Henrique de Medeiros. “É uma iniciativa que une a ABL, a ASL e o governo na perspectiva de difundir, valorizar e estimular a leitura e os conhecimentos”, afirmou.

Eleito imortal pela ABL em 2017, o professor, historiador e ensaísta Arno Wehling é graduado pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e em Direito pela Universidade Santa Úrsula, tendo doutorado em História e Livre Docência em História Ibérica, ambos pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado pela Universidade do Porto. Ocupa na ABL e cadeira que foi do poeta Ferreira Gullar. É autor de diversos trabalhos sobre as relações entre a filosofia da ciência e o conhecimento histórico.

Imortais da ASL que estiveram presentes à palestra de Arno Wehling

FLUÊNCIA – Com participação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e da Confraria Sociartista, as introduções da cerimônia foram feitas pelo secretário-geral da ASL, Rubenio Marcelo, e os acadêmicos sul-mato-grossenses aplaudiram o passeio fluente e objetivo da palestra, destacando o olhar aguçado e crítico de Wehling para as raízes e as consequências dos processos políticos, culturais, econômicos e sociais que estão alojados no ventre da história constitucional. O palestrante, por sua vez, enalteceu a iniciativa:

“Trata-se de um evento muito positivo. As Academias Estaduais de Letras são importantes para aprimorar o conhecimento, incentivar o acesso da sociedade e realizar, de maneira articulada, o contato cujo significado é relevante no plano cultural, tanto nacional como local”, disse. Para ele, além das características tradicionais, as Academias avivam o apelo por maior interação com a comunidade.

“É indispensável. Primeiro, pelo estágio de desenvolvimento histórico do País. Não se deve perder a oportunidade de uma maior e mais ampla integração do processo cultural dentro da sociedade, seus segmentos e suas regiões”, analisou. “O Brasil tem uma grande continentalidade geográfica e cultural, são amplas diversidades regionais. E as Academias Estaduais podem colaborar, pela experiência dos acadêmicos, pelas histórias de vida, no enriquecimento e na disseminação destes conhecimentos”, pontuou.

ACESSIBILIDADE – Wehling reiterou a expectativa de ver, em uma escala crescente, as Academias de Letras cada vez mais acessíveis ao povo, garantindo a presença de cultura e informação nos vários ambientes. Ele observou que este objetivo vem sendo construído pontualmente, como demonstram as escolas e universidades. “É algo que varia de estado para estado, de escola para escola. Mas temos um trabalho feito pelo MEC – Ministério da Educação, há bastante tempo, procurando a disponibilizar, a preço baixo, obras e livros de diferentes áreas”.

O acadêmico enfatizou um aspecto específico que chama sua atenção: a falta de antologias literárias. “A minha geração talvez tenha sido a última a estudar no atual secundário, curso clássico, pela Antologia Nacional, de Fausto Barreto e Carlos de Laet, nos anos 1960”, exemplificou. A seu ver, estes recortes com explicações correlatas, literatura gramatical e abordagens históricas, entre outros itens, são muito importantes para dar ao estudante a panorâmica geral, e a partir daí ele desenvolve o tipo de leitura que prefere. “O ideal é ter uma panorâmica que lhe permita fazer uma aferição do gosto literário”, define.

Sobre causas e consequências da crise que afeta a produção literária impressa e a atividade comercial das publicações, Wehling foi incisivo: “O fechamento de grandes livrarias e a redução da produção impressa de livros passam pelo lado econômico. O livro ainda é produto caro para a capacidade aquisitiva de boa parte da população”, acentuou.

Wehling supõe que livrarias menores, às vezes especializadas, talvez pudessem atender melhor determinados públicos. “Com as possibilidades da informática talvez isto seja superado. Hoje um e-book é mais barato que um livro físico. Temos a dificuldade econômica, temos o analfabetismo funcional – como os pesquisadores educacionais chamam – e problemas estruturais”, concluiu.

O primeiro Chá Acadêmico do ano da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras terá nesta quinta-feira em Campo Grande o imortal Arno Wehling, da Academia Brasileira de Letras, abrindo o projeto “ABL na ASL: Palestras Imortais”, realizado pela ASL em parceria com a Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul para difundir, estimular e valorizar a leitura e a educação no Estado. O evento será às 19h30min, presencial e com entrada franca no auditório da ASL, na rua 14 de Julho, 6245, em Campo Grande.

O tema da palestra será “Um ‘idealismo constitucional’? no bicentenário da Constituição de 1824”. Segundo Arno Wehling, “a Constituição de 1824 teve vigência por 65 anos e sua congênere quase idêntica em Portugal, também outorgada por Pedro I (Pedro IV), estendeu-se ainda mais. No entanto, foi acusada de representar um ‘idealismo constitucional’ desligado da realidade social do país.”

Ao longo do ano, cinco imortais acadêmicos da Academia Brasileira de Letras – ABL estarão palestrando em Mato Grosso do Sul durante programações dos Chás e Rodas Acadêmicas da ASL. Em relação à proposta da primeira palestra do ano, o presidente da Academia, Henrique Alberto de Medeiros, afirmou que em relação à abordagem sobre a Constituição “serão consideradas as semelhanças com as revoluções liberais-constitucionais da época, as especificidades brasileiras e as limitações para sua implementação”.

UFMS E CONFRARIA SOCIARTISTA

O Chá Acadêmico de março terá ainda a continuidade dos projetos com a UFMS e a Confraria Sociartista, que foram renovadas este ano entre as instituições. O projeto “Arte na Academia” realiza exposições de artes visuais nas Rodas e Chás Acadêmicos, bem como o projeto “Música Erudita e suas Fronteiras”, realizado em parceria pela ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul dentro do projeto “Movimento Concerto”.

ARNO WEHLING

Oitavo ocupante da cadeira nº 37, eleito na sucessão de Ferreira Gullar, Arno Wehling é graduado em História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e em Direito pela Universidade Santa Úrsula, tendo doutorado em História e Livre Docência em História Ibérica, ambos pela Universidade de São Paulo (USP), e pós-doutorado pela Universidade do Porto. Sua atuação profissional foi centrada no segmento universitário, principalmente na UFRJ e na Unirio.

Arno Wehling, historiador e imortal da Academia Brasileira de Letras

Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1968), graduação em Direito pela Universidade Santa Úrsula (1991), doutorado em História pela Universidade de São Paulo (1972), livre docência em História Ibérica (USP, 1980) e pós-doutorado em História nas Universidades do Porto e Portucalense. Foi professor visitante das Universidades de Lisboa e Portucalense e atualmente é professor do Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade Veiga de Almeida, Presidente de Honra do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ex-conselheiro do IPHAN/ Ministério da Cultura (1999-2022).Além da Academia Brasileira de Letras, faz parte da Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Educação e de institutos históricos brasileiros e academias ibero-americanas de História.

Desenvolve estudos e pesquisas nas áreas de História do Direito/História das Instituições e Teoria da História/Historiografia, com livros e artigos focando principalmente História do Brasil colonial e as primeiras décadas da independência sob os ângulos do estado, da justiça, da administracao e da memória/construção da identidade.

Entre livros de sua autoria, estão “Os níveis da objetividade histórica (1974)”, “Administração portuguesa no Brasil, 1777-1808 (1986)”, “A invenção da história: estudos sobre o historicismo (1994)”, “Formação do Brasil Colonial com Maria José Wehling (1994)”, “Pensamento político e elaboração constitucional (1994)”, “Estado, história, memória – Varnhagen e a construção da identidade nacional (1999)”, “Documentos Históricos brasileiros (2000)”, “Direito e justiça no Brasil colonial – o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro com Maria José Wehling (2004)”, “Investigação Científica no Brasil (2005)”, “De formigas, aranhas e abelhas – Reflexões sobre o IHGB (2010)” e “Francisco Adolfo de Varnhagen (2016)”.

FERNANDO ANGHINONI E WALTER LAMBERT

A exposição da Confraria Sociartista irá abordar a produção de dois de seus integrantes, os artistas Fernando Anghinoni e Walter Lambert, e o tema será Eco dos Tempos, em Xilogravura e Assemblage, dos entalhes na madeira aos circuitos digitais. Fernando Anghinoni possui mestrado nas áreas das artes e design, e seu trabalho explora várias vertentes artísticas, sempre contemplando um panorama contemporâneo das artes visuais de forma global e regional. Produziu e executou projetos culturais e trabalha também como produtor cultural. Já Walter Lambert é artista visual e designer, e sua obra contemporânea parte da premissa de que tudo pode ser transformado e reaproveitado. Ele se apropria dos componentes de computadores e seus periféricos, que se transformaram em sucata eletrônica, para criar não apenas uma nova expressão estética, mas um espaço para reflexão, um diálogo que coloca em evidência a obsolescência programada e a necessidade do descarte sustentável.

Os artistas visuais Fernando Anghinoni e Walter Lambert

CAIO BRESSAN E KEMER DE ALMEIDA

O reconhecido projeto Movimento Concerto, da UFMS, com sua vertente “Música Erudita e suas Fronteiras” – realizado em parceria pelas ASL e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – terá apresentação abordando Erik Satie, J. S. Bach e Pixinguinha. A participação será do violonista e educador musical Caio Bressan e do flautista e educador musical Kemer de Almeida.

Caio é formado em música pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, mestre em música pela Universidade Estadual de Maringá e doutorando em Estudos de Linguagens pela UFMS, concentrando suas pesquisas nas práticas interpretativas e performance musical. Além de solista, atua com a Camerata Madeiras Dedilhadas. Kemer de Almeida é graduado em música pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, tendo se consolidado como músico concertista desde os 12 anos, onde tocava em fanfarras e desfiles cívicos de Campo Grande e cidades de Mato Grosso do Sul. Além de participar do grupo Camerata Madeiras Dedilhadas, é professor da rede municipal de ensino de Campo Grande/MS.

Os músicos Kemer de Almeida e Caio Bressan

Serviço

Chá Acadêmico

ABL na ASL, Palestras Imortais

Arno Wehling

“Um ‘idealismo constitucional’?

no bicentenário da Constituição de 1824”

Dia 28 de março de 2024, às 19h30min

(Com os projetos “Música Erudita e suas Fronteiras”, com a

UFMS; e “Arte da Academia”, com a Confraria Sociartista)

Auditório da ASL, Rua 14 de Julho, nº 4653

(Altos do São Francisco)

Entrada franca, evento presencial

Traje Esporte

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras participou, em Corumbá, das comemorações pelos 150 anos da Comarca do Município, realizadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. A ASL, com a qual o TJMS mantém convênio para palestras e participação em seus projetos sobre a História do Poder Judiciário do Estado, colocou livros de imortais autores corumbaenses na Cápsula do Tempo que fez parte dos eventos pelos 150 anos e que será aberta daqui a 50 anos, em 2074. O desembargador e imortal Sérgio Fernandes Martins, acadêmico da ASL e atual presidente do TJMS, presidiu todas as atividades. O presidente da ASL, escritor, publicitário e jornalista Henrique Alberto de Medeiros Filho, esteve presente pela ASL. Houve leitura de casos sobre processos da Comarca de Corumbá feita por colaboradores da FCMS do município.

Na cerimônia de abertura, o desembargador Sérgio Martins ressaltou a importância de se reverenciar o passado, “pois é ele quem molda o presente”. O artista Ruberval Cunha apresentou performance poética com um texto embasado na história da criação de Corumbá que abordou traços socioeconômicos da comarca, com seu improviso Guaicuru. A “Cápsula do Tempo” teve depósito de mensagens, objetos e documentos para serem selados e trazidos de volta em 2074, nas celebrações dos 200 anos da comarca de Corumbá.

A cápsula foi carregada pelo Desembargador João Maria Lós, decano do Tribunal de Justiça, e pelo servidor mais antigo da comarca, Antônio Amauri Cáceres. Foi lançado selo comemorativo dos 150 anos da comarca com a presença do superintendente dos Correios no MS, Gelson Leonel, e foi obliterado o Selo nº 1, o qual será parte integrante do memorial da história da comarca e estará disponível para colecionadores posteriormente. Foi inaugurada também exposição histórica para contar um pouco dos anos de desenvolvimento da comarca.

Participaram da cerimônia de abertura, entre outras autoridades, o corregedor-geral de justiça, Des. Fernando Mauro Moreira Marinho; o secretário de segurança pública de MS, Antônio Carlos Videira; o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes; e o juiz diretor do foro, Maurício Cleber Miglioranzi Santos.

“ABL na ASL: Palestras Imortais” é o tema dos encontros mensais que a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras estará promovendo durante o ano no auditório de sua sede, com cinco imortais acadêmicos da Academia Brasileira de Letras – ABL palestrando em Mato Grosso do Sul durante programações dos Chás e Rodas Acadêmicas da instituição. O projeto Palestras Imortais é decorrente de parceria entre a ASL e a Fundação de Cultura do Estado de Mato Grosso do Sul para difundir, estimular e valorizar a leitura e a educação.

Da esquerda para a direita, os imortais da ABL Antônio Torres, Arno Wheling, Ana Maria Machado, Godofredo de Oliveira Neto e Ricardo Cavaliere (fotos site ABL)

Os imortais da ABL que estarão presentes ao longo do ano pelo projeto serão Ana Maria Machado, Antônio Torres, Arno Wehling, Godofredo de Oliveira Neto e Ricardo Cavaliere. Já ao longo do ano, nas Rodas Acadêmicas, estarão participando e palestrando os imortais da ASL Américo Calheiros, Ana Maria Bernardelli, Elizabeth Fonseca, Henrique de Medeiros, Lenilde Ramos, Marisa Serrano, Raquel Naveira, Rubenio Marcelo, Sérgio Cruz e Sylvia Cesco, abordando e homenageando os trabalhos dos saudosos imortais que fizeram história na cultura do Estado: Maria da Glória Sá Rosa, Ulysses Serra, Hidelbrando Campestrini e Manoel de Barros.

O projeto começou a tomar forma no Festival América do Sul Pantanal 2023, em Corumbá, com reuniões entre o presidente da ASL, Henrique Alberto de Medeiros, o secretário de Estado de Cultura, Esporte e Turismo – SETESC, Marcelo Ferreira Miranda, e o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul – FCMS, Eduardo Mendes. No decorrer da análise de planejamentos, a FCMS decidiu o apoio à Literatura e às atividades paralelas ligadas às Belas Artes que a ASL vêm desenvolvendo nos Chás e Rodas Acadêmicas, com música e artes plásticas interligadas com as ações literoculturais.

“Incentivar as ações da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras nessa parceria é incentivar o pensamento crítico no Estado de todos aqueles interessados em difundir cultura”, afirmou Eduardo Mendes, diretor-presidente da FCMS, ao comentar os trabalhos a serem realizados. O presidente da ASL, Henrique de Medeiros, informou que a agenda cultural das Rodas e Chás podem ao longo do ano sofrer alguma adequação em função de calendários, mas a princípio toda a programação está elaborada e praticamente confirmada. Henrique destacou que “é preciso também ressaltar a importância das participações mensais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – e a Confraria SociArtista nos Chás e Rodas da Academia, abrilhantando as artes musicais e plásticas em conjunto com a literatura”.

As Rodas e os Chás Acadêmicos terão a seguinte programação ao longo de 2024:

Mês 03, dia 28 Março
Chá Acadêmico ABL com o imortal Arno Wheling

Mês 04, dia 25 Abril
Roda Acadêmica sobre Maria da Glória Sá Rosa
(com Américo Calheiros, Henrique de Medeiros e Marisa Serrano)

Mês 05, dia 30 Maio
Chá Acadêmico ABL com o imortal Antônio Torres

Mês 06, dia 27 Junho
Roda Acadêmica sobre Ulysses Serra
(com Ana Maria Bernardelli, Raquel Naveira e Rubenio Marcelo)

Mês 07, dia 25 Julho
Chá Acadêmico ABL com a imortal Ana Maria Machado

Mês 08, dia 29 Agosto
Roda Acadêmica sobre Hidelbrando Campestrini
(com Lenilde Ramos, Sérgio Cruz e Sylvia Cesco)

Mês 09, dia 26 Setembro
Chá Acadêmico ABL com o imortal Ricardo Cavaliere

Mês 10, dia 31 Outubro –
Roda Acadêmica sobre Manoel de Barros
(com Elizabeth Fonseca, Henrique de Medeiros e Rubenio Marcelo)

Mês 11, dia 28 Novembro –
Chá Acadêmico ABL com o imortal Godofredo de Oliveira Neto

A ASL informou também que sua programação, que ainda terá outros eventos e cerimônias no decorrer de 2024, se encerra no dia 13 Dezembro ─ com a realização de sua já tradicional Cantata Natalina, tendo a participação de vários grupos de Corais sul-mato-grossenses.

A poeta, cronista e professora Sylvia Cesco, tradicional nome no ativismo cultural e literário do Estado, foi eleita como nova imortal da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, em assembleia geral de acordo com recente edital de abertura de vagas, conforme o estatuto da ASL. Sylvia Cesco ocupará a Cadeira nº 37, na sucessão do saudoso acadêmico Francisco Leal de Queiroz. A votação, realizada no auditório da sede da Academia, teve significativa presença de Acadêmicos e foi conduzida pelo presidente da ASL, Henrique de Medeiros, pelo acadêmico Abraão Razuk, que presidiu o processo da eleição, e pelo secretário Oswaldo Barbosa Almeida.

A escritora Sylvia Cesco (foto Roberto Higa)

A nova imortal, eleita por maioria, é natural de Campo Grande, MS. É graduada em Letras Neolatinas e posteriormente em Pedagogia, ambas pela pela Fucmat (atual UCDB); tem pós-graduação pelo MEC-INEP/USP; especialização em Língua Portuguesa pela Universidade de Taubaté – SP; e Especialização em Roteiro para Rádio, TV e Vídeo pela ERTEL. Como escritora, além de cronista e poeta, é autora e diretora de peça de teatro, letrista de músicas, e foi roteirista-auxiliar do filme “Nasce uma Estrela”, sobre Glauce Rocha.

Tem os livros publicados “Guavira Virou”; “Mulher do Mato”; “Sinhá Rendeira”; “Três Poetas uma Via: Aldravia” (em coautoria); “Ave Marias, Cheias de Raça”; “Histórias de Dona Menina”; “A Glória dessa Morena” (coautora e organizadora); “Amor e volezza – amor lncondicional” (em coautoria); “Vozes da Literatura” (em coautoria); “Palavras Pelo Correio” (coautora e organizadora) e “Um Palmo e Meio de Proseio”. Participou das Antologias “Mato Grosso do Sul – 40 anos”, “101 Reivenções para Manoel de Barros” e “Antologia de Autores de Mato Grosso do Sul”. Possui publicações em Revistas literárias deste e de outros Estados. Escreveu para o Jornal “Correio do Estado” até 2021, e atualmente escreve para o Jornal “O Estado de MS” e para o Blog: “Cultura é sobrevida de um povo”, de Alex Fraga.

Alguns dos Acadêmicos presenciais na votação para nova vaga da ASL

Sylvia ainda apresentou, prefaciou e posfaciou obras de vários escritores e poetas de MS. Foi selecionada e premiada em Concursos Literários regionais e nacionais. Escreveu e dirigiu as peças de teatro: Emitê emite”, elaborada com textos de poetas regionais (Manoel de Barros e Alceste de Castro Lobivar Matos), nacionais e internacionais, e “As Mãos São Ferramentas de Deus”, com versos de Fernando Pessoa. Participou como intérprete e/ou jurada de vários Festivais de Música de Campo Grande, e foi Coordenadora da Comissão da Área de Cultura por ocasião dos festejos do Centenário de Campo Grande.

Exerceu cargos de assessoria à FAPEMS, Fundação de Apoio ao Ensino e à Pesquisa de Mato Grosso do Sul- órgão ligado à UEMS. Foi também representante da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor em MS, órgão do Ministério de Assistência social, por oito anos, em cuja gestão propôs a substituição da Política Nacional vigente de internação de crianças e adolescentes em situação de abandono, nos internatos tradicionais, pela de acolhimento em residências menores (Casas-lares), projeto que lhe rendeu homenagem e reconhecimento do então MPAS. Durante sua gestão, também participou da elaboração do ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente; da implantação dos Conselhos Tutelares nas cidades de MS; e do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Campo Grande.

É voluntária há mais de duas décadas na Associação Pestalozzi de Campo Grande, com foco na inclusão de atividades literoculturais de nossos artistas e escritores aos alunos da Escola “Raio de Sol” dessa referida Associação.

Foi Presidente da UBE-União Brasileira de Escritores, sob cuja gestão criou a Revista Literária Piúna.

A imortal Sylvia Cesco ocupará a Cadeira 37 da ASL (foto Vaca Azul)

A Academia Sul-Mato-Grossense de Letras

A ASL completou 52 Anos – com 40 Cadeiras vitalícias, aos moldes da ABL – e foi fundada pelos escritores Ulisses Serra, Germano de Souza e José Couto Pontes em 30 de outubro de 1971. A instituição surgiu com o nome de Academia de Letras e História de Campo Grande, denominação que predominou até final de dezembro de 1978. Instalada a nova unidade da Federação (MS), a entidade foi transformada em Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL). A ASL – referência cultural no estado – registra ao longo da sua existência uma história marcante voltada para a defesa da língua portuguesa e o cultivo da arte literocultural, zelando e incentivando todas as derivações da cultura nacional e estadual. Possui sede na Rua 14 de Julho nº 4653, em Campo Grande.

Os atuais membros da ASL são: Abrão Razuk; Altevir Soares Alencar; Américo Ferreira Calheiros; Ana Maria Bernardelli; Elizabeth Fonseca; Emmanuel Marinho; Enilda Mougenot Pires; Fábio do Vale; Geraldo Ramon Pereira; Guimarães Rocha; Henrique Alberto de Medeiros Filho; Humberto Espíndola; Ileides Muller; José Couto Vieira Pontes; José Pedro Frazão; Lenilde Ramos; Lucilene Machado Garcia Arf; Marcos Estevão dos Santos Moura; Maria Adélia Menegazzo; Marisa Serrano; Orlando Antunes Batista; Oswaldo Barbosa Almeida; Paulo Corrêa de Oliveira; Paulo Sérgio Nolasco dos Santos; Paulo Tadeu Haendchen; Pe. Afonso de Castro; Pedro Chaves dos Santos Filho; Raquel Naveira; Reginaldo Alves de Araújo; Renato Toniasso; Rubenio Marcelo; Samuel Xavier Medeiros; Sérgio Fernandes Martins; Theresa Hilcar e Valmir Batista Corrêa. Sérgio Cruz e Sylvia Cesco aguardam solenidades de posse.